Sobre poder feminino
Ainda temos muito o que entender sobre nós mesmas. Inclusive a forma que produzimos, criamos, realizamos e existimos.
Essa última semana não foi nada fácil pra mim e diante de tantos pensamentos conturbados acabei pensando muito sobre relações de poder e em especial sobre poder feminino.
Como eu disse, tive uma semana esquisitíssima, não conseguia me sentir disposta para colocar em prática nada que eu tinha planejado. Estava no deadline e não conseguia trabalhar, também não conseguia estudar, nem responder os e-mails, muito menos separar os documentos para o imposto de renda.
Então eu tentei relaxar. Assistir uma série, talvez? Terminar o livro que estou lendo? Dormir de tarde?Faxinar? Todas as opções não me pareciam boas opções porque elas só me lembravam do que eu deveria estar fazendo e não estava.
Cozinhar era a única coisa que eu conseguia fazer sem me sentir mal afinal, eu tinha que me alimentar. Mesmo assim... Se eu demorasse muito preparando a comida, já me culpava por não ter pensando em algo mais prático, rápido para fazer.
Essa estranha sensação de estar sempre perdendo tempo, que eu poderia fazer mais, ser mais, ser mais prática, rápida, melhor, estar sempre em movimento, em busca de... poder.
Colocamos todos os dias na nossa lista de afazeres tarefas que fazemos praticamente no automático, todos os dias, como se fossemos uma máquina, que funcionasse sempre da mesma forma todas as vezes que ligamos na tomada. E eu sei, que você mulher, assim como eu, tem dias que se sente inspirada para produzir, dias que prefere refletir, dias que quer explorar, dias que quer se recolher...
Isso porque somos cíclicas como a lua. Mas somos obrigadas a funcionar como o sol, energia masculina, sempre em movimento e em ação, apenas reproduzindo todos os dias o mesmo movimento. Se esse papo tá místico demais pra você, ok, vamos falar cientificamente: Os hormônios femininos por exemplo, sofrem variações constantes durante o dia. Alguns fatores que alteram a quantidade de hormônios femininos por exemplo são a hora do dia, o ciclo menstrual, menopausa, medicamentos, estresse, fatores emocionais, sem falar na gravidez. Já nos homens, os hormônios seguem praticamente da mesma forma durante toda a fase adulta.
É inquestionável que vivemos em uma sociedade construída pelos homens. Tudo que nos é “vendido” sobre ser produtiva, vencedora, ser ativa é masculino porque a construção social que vivemos é masculina.
No fundo, sentimos que não queremos produzir assim, que não é essa a forma que gostaríamos de nos expressar, de viver, de trabalhar. Mas esse é o único jeito que a gente conhece, o jeito dos homens que passou a ser somente o jeito certo.
Sentimos um incômodo que não passa, independe de estarmos cumprindo ou não, nossa lista de tarefas, se a semana foi produtiva ou não, seguimos enraizando mais ainda o jeito masculino de fazer as coisas, reproduzindo algo que não nos pertence. Nós reproduzimos e chamamos isso de independência, autonomia, profissionalismo, sucesso...
Nossa energia feminina está em desequilíbrio há tanto tempo que é preciso reconhecer que nós mesmas não a conhecemos, não a vivemos.
Tudo que temos é uma coisinha dentro de nós, uma semente que podemos chamar de intuição que tenta nos avisar diversas vezes que como todo o sistema funciona, não é a forma que queremos viver.
Mas isso não tem a ver com “pegar”o poder para nós, não é uma disputa por ele. Nos sentimos constantemente frustradas, porque estabelecemos um ritmo para nós que não é nosso, desejos que não são nossos.
Seguimos apoiando uma fórmula que não funciona pra gente. Até quando? Pra quais de nós? A que custo?
Ainda temos muito o que entender sobre nós mesmas. Inclusive a forma que produzimos, criamos, realizamos, existimos e se o que fazemos com "essa tal liberdade" realmente nos liberta ou estamos somente fortalecendo algo que no fundo, no fundo (nem tão no fundo assim) nos limita.
Chegou o momento, mulheres, de recuperamos a consciência das nossas potencialidades e conhecer de verdade, nosso poder, o verdadeiro poder feminino.